segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Culpado e indeciso

        Letras, o que seria do garoto sem elas?
       Ele não sabe o que está acontecendo. Não sabe o que fez com a vida e muito menos como foi parar ali. Como é viver? Como é ser? Porque ele não está sendo. Ele não ficou mal pelas coisas que fez, mas por ter gostado.
      2016 foi o pior ano da vida dele, não por ter tido experiências, mas por ter quebrado tudo o que ele disse que não faria - a verdade é que nada tem feito sentido. Quem teria as respostas para todas as perguntas? Você? Porque, ao certo, ninguém sabe! Todos estão com dúvidas em sua mente, mas no fundo, acham que possuem a resposta. Mero engano. 
      Um pássaro que saiu da gaiola, mas não soube se equilibrar no voo, é assim que o garoto se sente. Caiu, mas não conseguiu se erguer. Alguém poderia ajudá-lo? Do chão quer sair, mas não sabe se levantar. Todas as palavras de encorajamento para que tudo fique bem, nada adianta, porque no fundo, ele sabe que está triste. Deixou a infelicidade entrar, ela não quer sair. Ele a convidou? Ela bateu à porta, e ele a obrigou a entrar. Estava cansado de ser feliz, queria turbulência, mas o garoto mal sabia o que estava por vir.       
       Deixou de ser passageiro para ser tempestade, de hóspede passou para morador, de céu limpo e com sol passou para nublado. Aquele garoto! Era assim que ele estava e se sentia. Ah se ele soubesse de como isso tudo seria e terminaria! Mas qual o final da história? É apenas a introdução ou o prefácio? E de quem é a dedicatória? Porque este texto está apenas prestes a começar. Páginas amarelas e capa marrom, não pretas, o marrom é melhor, dá uma ideia de baú: velho e que ninguém quer abrir.
       Ah garoto! 17 anos de idade e já se sentia mal. Promessas não cumpridas, palavras repelidas, é isso? A vida começou e pra ele acabou, ah garoto, era ele, a tempestade de todos os dias.
      Os amigos, a família, nada já não importava, ele só queria mesmo era ficar de bem consigo mesmo (algo que já não sentia há muito tempo). Ele não quer responsabilizar ninguém, porque no fundo, foi o culpado pelos seus atos e merece a sentença, a sentença da tristeza e da lentidão: era assim que estava ele!
      Gay? Talvez, já não sabia mais. Um dia tinha certeza, no outro, não sabia nem o significado dessa palavra que era formada por três letras: uma consoante, uma vogal e outra consoante (mas que tinha um significado e tanto para o garoto). Alguns diziam que era morte, outros, felicidade. O que a sociedade quer? Indecisão? Culpa? Não se preocupem, o garoto já se sente assim: culpado e indeciso. Não por ser assim, mas por terem feito ele se sentir culpado e indeciso. Culpado e indeciso: seu nome e sobrenome. Culpado e indeciso, era o garoto. 
      Queria que seu nome tivesse significado, porque ele era volúvel e inconstante e tudo que queria era uma decisão (algo que já não tomava há alguns dias). Ele foi ao bar, pediu o garçom uma dose de decisão, o moço, achando estranho, deu a ele uma garrafa de tristeza (as pessoas só iam ali por aquela bebida). Uma pena, o garoto queria ser diferente, mas ninguém entendia, nem mesmo o garçom, que já morava ali naquela monotonia. E nem mesmo forasteiro, que era estrangeiro, poderia ser o curandeiro.
     É o fim, não quero revisão, talvez seja tudo uma ilusão na minha indecisão!

Nenhum comentário:

Postar um comentário