sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A noite que o garoto amou

     Era um dia normal da semana, o garoto acordou e foi logo se preparar para ir trabalhar. No entanto, na hora que ele lembrou que era o dia do encontro, deixou de ser um dia normal. Foi estranho, mas ao mesmo tempo, bom. Horas passaram, pensamentos vieram, e a hora chegou. Ficou com medo, pensou em desistir, mas ele não podia, queria ver como era. Queria sentir o beijo, as mãos se cruzando, o coração batendo e os olhos brilhando: foi exatamente assim aquela noite.
    Mas calma! Ainda tem chão. Foi um mês de conversa. O garoto estava descobrindo um novo mundo, para ele era tudo tão... ''errado''. Entretanto e ainda assim, ele se permitiu. Áudios de boa noite, trocas de músicas, todas as noites eram assim. Apenas um ''boa noite, dorme bem'' o deixava especial. O garoto se sentia envolvido por uma nuvem de amor, uma nuvem que logo desapareceria e faria o garoto cair sem paraquedas. Amigos não o entendiam, aliás, nem ele mesmo, achava que tudo que estava vivendo era errado. Ele estava errado.
    O tempo foi passando e as brigas começaram a morar no coração. Apesar de opostos, não estavam mais se atraindo. Duas cargas de mesmos sinais, eram assim, se repeliam o tempo todo. E quando se reconciliavam, logo logo, já estavam em conflito. Foi um namoro ou apenas um beijo sem compromisso? O garoto não conseguia compreender. E chegou um dia em que o menino estava começando a se sentir usado. Coitado! Aquilo de ''siga o seu coração'' era cilada, ele não entendeu, teve que quebrar a cara. Valeu a pena? Acredito que sim! Ou não?
     Aquela noite ele amou, ah se ele amou... Começou a ficar nervoso, a hora estava chegando, ele devia fugir? Estava com medo, um pouco além do normal. E aconteceu! Se viram, foi estranho, não houve nem um ''quebra-gelo'', apenas um ''vamos?''. Chegaram ao shopping, sentaram na mesa e começaram a conversar sobre um assunto aleatório. Não estava agradável, aquele não era o lugar.
    -Vamos embora?
    -Ok.
    Chegaram em uma praça, estava um pouco escura, mas o silêncio da noite era, de certa forma, reconfortante. Os olhos se cruzaram, a mão foi ao pescoço e aconteceu, se beijaram! Tinha um gosto estranho, um gosto de amor. A barriga estava estranha, parecia que tinha muito gelo dentro, era um gelo bom. O segurança chegou e tiveram que sair, mas ainda assim, continuaram se amando. Saíram de mãos dadas e no final da noite foi aquilo:
     -Tchau, te amo!
     -Tchau.


    Sinto em informar ao leitor que não foi recíproco, nada era. O garoto não sabia, mergulhou fundo em um amor raso e ainda há marca no coração dele (ela precisa ser queimada e esquecida). Depois daquela noite, nunca mais se falaram, foi como se nada tivesse acontecido. O garoto se sentiu usado, sentiu-se como um passatempo. Que sensação ruim! Ele não devia ceder, entretanto, sempre que era procurado, queria tomar mais uma dose daquele mesmo amor. Acabou se viciando, e um dia, foi obrigado a parar de tomar, já não havia mais.



                                          Aquela foi a noite que o garoto amou.

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