segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Passado esmagado!

    É incrível como ao passar dos anos, as coisas mudam. Às vezes, fico olhando os posts ''antigos'' que escrevi e percebo o quanto eu mudei. E notamos que a vida é feita disso, feita de fases. E devemos nos acostumar à mudança. Mudamos o jeito de ser, o jeito de agir, e inclusive o jeito de pensar. E o principal: paramos de falar com pessoas que nunca imaginaríamos nos afastar - e isto, de fato, aconteceu comigo.
    Tudo começou na 4° série, minha caneta caiu, e eu, logo, fui abaixar-me para pegá-la; e ela (a garota), do nada, apareceu. Mas o inesperado aconteceu, eu tinha feito algo, uma coisa que até hoje sinto vergonha, EU TINHA SOLTADO UM PUM; e esse foi o nosso segredo! Algum tempo se passou depois disso e nos tornamos cada vez mais amigos. Nunca pensei que uma amizade poderia me suprir tanto.
    Começamos a conversar mais e mais, sentávamos juntos todas as aulas, e todos já sabiam que era eu e ela, a melhor dupla da sala. O tempo se passou, e minha mãe me falou que iríamos nos mudar, inclusive, para uma cidade ''longe'' dali; não gostei da ideia, não mesmo. Mas eu não tinha opção, teria que me despedir daquela vida, teria que deixar aquela escola, os meus ''amigos'', todos os momentos, até os meus professores (sim, eu amava até os professores, e eles também me amavam).       Foi difícil no começo, me acostumar a uma escola nova, pessoas novas, a qual eu não conhecia nenhuma. E eu, sempre tímido, era um pouco difícil fazer amizade, até por que, é complicado quando se é o ''nerd'' da sala. Meses se passaram, e eu meio que já conhecia uma boa parte da escola, estava começando a me acostumar com a ideia de uma escola nova, já estava ali, era minha única opção. PORÉM nunca aceitei a viver numa cidade que não tem nada a vê comigo. Sinto que meu lugar não é aqui, mas isso não vem ao caso agora...
    Os tempos mudaram, e eu já estava acostumado com a ideia de viver algo novo, e mesmo assim, nunca deixamos de nos falar, independente de eu morar longe, éramos melhores amigos. E parece que quanto mais longe, mais ligados éramos. É difícil explicar essa ligação que havia, mas era algo real, algo que eu nunca achei que iria ter, mas que eu consegui, uma amizade ''verdadeira''. E todos da minha família, quando eu ia sair, já sabiam, sabiam com quem eu iria sair. Era bom isso, porque eu não precisava sempre falar com quem eu ia ao shopping, ou andar para conversar (NOSSA, como era bom aquelas caminhadas, eu dizia tudo que vinha à minha mente).
    Ah! Mas as pessoas mudam, e tudo acabou. Não por minha culpa, mas dela. Ela conheceu uma guria e achou que era seu mundo. Mas era difícil notar que ela estava cega. Tentei tirar suas vendas, mas ela não queria ver, não queria enxergar o que estava em sua frente. No entanto, mesmo assim, tentei seguir em frente, tentei ignorar todas as alfinetadas que essa menina me lançava, e eu, um pouco nervoso, estava guardando aquilo para mim. Até que um dia, fiquei sabendo que a situação estava piorando (aliás, eu já sabia, só ignorava).
    Era uma sexta-feira, eu a chamei para ir ao shopping, comigo, pagar umas contas, e talvez, tomar um sorvete e ficar conversando (o que na maioria das vezes, sempre fazíamos).  No entanto, ao dar 18h20min, e eu estar atravessando a faixa de pedestre para chegar ao shopping, vejo que ela não está lá me esperando. Eu não estava acreditando no que estava vendo, pensei que algo grave podeira ter acontecido, por isso, liguei os dados móveis e a perguntei onde ela estava. Não acreditei no que estava lendo, mas era clara aquelas palavras: ''estou aqui com ela''. Fiquei sem reação.
      -Ainda quer que eu vá?
      -Não, não precisa.
    E esse foi o fim, 7 anos jogados fora, e é por isso que eu disse: ''tudo não foi minha culpa''. Mas sim, dela. Será um passado que quero esquecer, estou decidido a seguir em frente, e levarei isso como experiência. Posso estar sendo frio, mas foi preciso, senão as pessoas nos fazem de otários, e eu estou cansado. Sempre fui o ''vilão''. Mas agora é o fim, quero mudar!
    E cá estou eu, relatando um fato inesquecível em minha vida, para daqui alguns anos, eu ler e ver o que aconteceu, para não cometer a mesma burrice. E é incrível como alguns versos do poema do Augusto dos Anjos sempre vêm à minha mente: ''o beijo, amigo, é a véspera do escarro, a mão que afaga é a mesma que apedreja''.




                                                                                                   
                                                             -Relatos de um pequeno pensador...
 
   

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